sexta-feira, 25 de julho de 2008

A velha Fonte Nova


Incrível se ter tanta saudade de um estádio de futebol, estádio esse que construiu parte de mim. Uma menininha lá com seus cinco ou seis anos que se preparava, geralmente aos domingos, e esperava ansiosa os homens da família se arrumarem, para irem todos torcer pelo time do coração. Naquela época era meio difícil entender esse amor a apenas um time, mas eu ia e tudo era festa.
- Pai, olha o moço da pipoca!
- Pai, olha o moço do sorvete!
- Pai, o que é ‘p* que pariu?’
- Finge que você não ouviu filha... Vaiiii Porra!
E eu lá, comendo e observando tudo, ouvindo as músicas da torcida, quem não lembra de “chora rubro negro chora, pega essa bandeira, enfia no c* e vai embora”?
Segundo tempo: já cansada e recostada, vem o grito em massa: GOOOOOOOOOOL!!!
Era simplesmente um momento de êxtase, mesmo com minha inocência de pra que campeonato servia aquele jogo ou de qual jogador fez o gol.
Tio, primo, irmão, pai, vendedor de cana, menino do sorvete, todos se abraçando como se conhecessem desde criança, e o sorriso perdurando no rosto.
Fim de jogo: voltar pra casa no pescoço do pai gritando “Bahiiiia, Bahiiiia....” e chegar em casa feliz contando pra mãe o quão bom foi aquele domingo familiar junto com o time do coração, num lugar tão peculiar chamado ‘Fonte Nova’.
Hoje com o passar do tempo fui compreendendo que aquele amor simplesmente não se explica apenas se sente, apenar nos faz chorar, rir e se arrepiar. Fui compreendendo que cada jogo no Estádio Otávio Mangabeira nos trazia sensações diferentes, e que nem tudo se resumia em pipoca e sorvete e que raiva e lágrimas faziam parte do ritual.
E hoje, além das memórias, só resta a saudade.
Meus domingos não foram mais os mesmos sem a nossa velha Fonte Nova.


4 comentários:

Hailton Andrade disse...

Muito bom o texto, bela história de infância na verdadeira Casa do Bahia. Eu, infelizmente, não tenho histórias de quando era pequeno, pois tinha 9 anos quando fui à velha Fonte pela primeira vez, fiquei maravilhado. Daí em diante fui mais vezes e sempre me senti em casa!

Parabéns pelo texto e obrigado por relembrar a saudosa Fonte Nova!

Alter Ego disse...

A Fonte Nova não vai ser reformada? O Bahia vai jogar no Barradão agora? Acho q foi um choque para todos os torcedores do Bahia a parada dos jogos no estádio, e um baque para todos aqueles que acompanharam o acidente acontecido no mesmo local. :/ Mas é isso, pelo menos deixa uma marca na história, não é?

Luana Marinho Nogueira disse...

ainda posso sentir o cheiro de
pipoca nas minhas tardes de domingo,
acompanhada pelo meu pai.

Eu nem sabia direito o q era aquilo
chamado futebol!

=)

Cássio Melo disse...

Muito bom Luciana! Saudade da Fonte!