segunda-feira, 15 de dezembro de 2008


De artista e louco todo mundo tem um pouco
de louco o artista tem um todo
Arte
Arde
Na cara dos ditos normais, dos caretas banais
Que passam a vida no preto e branco
Os olhos já não são mais sensíveis ao vermelho do nariz do palhaço
Artistas não são de marte
Mas também não são daqui
São de onde a arte nasce
E não arde.

sábado, 4 de outubro de 2008

Nada pra ninguém!

A noite efervecendo
a música estourando os tímpanos
terceira dose de whisky
olhares, sorriso de canto
mãos, bocas, quando vi ja eram pernas
se as(sumiram).
De manhã a poesia continuava sendo do poeta
O samba não havia morrido
E o Rio de Janeiro continuava lindo
mas ela não era de ninguém
e a única coisa que efervecia era seu sonrisal.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Meu prazer.

Estava com saudades
Minhas mãos tremiam, tal como um viciado sem sua droga.
Organizando uma atrás da outra
Aliviada, gritando, indignada, amando, sofrendo.
As palavras me embebedam, anestesiam, me causam êxtase.
E aqui estou eu, um papel de pão e uma caneta toda mordida.
Nós três, um ménage num gozo sem fim.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

O amor pode dá certo.


O sol na cara, olhos fechando de tanto sono, cara amassada. 7 da manhã e eu na paralela seguindo para um dia de aula como outro qualquer. O rádio ligado, falava sobre signos, incrível como sempre falamos ‘besteira isso’ mas sempre paramos para escutar se hoje vai ser ou não um dia bom. ‘Aquário: Faça uma busca nos desejos mais escondidos de sua alma ou quem sabe esquecidos lá no passado e coloque-os em prática. ’. Essa era minha dica do dia. Carros e mais carros, pessoas, motos, e eu no meu olhar curioso, olhando tudo e viajando, indo buscar casos, histórias, pessoas... Aquele tipo de viagem que você lembra de algo engraçado e ri sozinha. Até que parou um carro na minha frente e vi algo de curioso nele, era um adesivo escrito ‘O amor pode dar certo’. Pensei se isso era nome de uma banda, propaganda de alguma coisa ou era simplesmente uma mensagem para quem estivesse ali, viajando em outro mundo lesse, e eu li.
De imediato pensei ‘Lógico que o amor dá certo!’ Aí fui buscar meu passado, como o locutor havia me dito e até aquele momento, quarta feira, 7 e alguma coisa da manhã, todos os meus amores haviam dado certo. Ta, possa ser que algumas relações sejam estremecidas, acabadas, desgastadas ou sei lá o que. Mas ele, o amor, está intacto.
Há 8 anos perdi uma das pessoas mais importantes da minha vida e há 8 anos esse amor ainda dá certo. É difícil explicar o quanto o amor dá certo, o quanto ele ainda vive mesmo que alguém morra, te xingue ou te dê um tapa na cara. Mesmo que aquele amor da sua vida com quem você sonhava casar seja hoje um simples conhecido, pois, no dia em que você abriu a boca e falou ‘eu te amo’ o amor estava dando certo. O amor pela profissão, pela família, amigos e até mesmo pelo seu time do coração, nunca vi nada disso fazer mal. Você briga com alguém, seu time perde, você não conseguiu aquele emprego... Mas e aí? Procure o amor! Ele deu errado? Diminuiu? Acabou? Ou só te fez acreditar que ele é maior que tudo isso?
Acho que a rádio esqueceu de me avisar ‘hoje você vai estar muito piegas, evite coisas sentimentais’ de certo eu nem olharia aquele adesivo. Mas agora já li, já resgatei passado, presente, futuro, o diabo a quatro! E percebi que o amor não dá errado, ele vence tudo.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

A velha Fonte Nova


Incrível se ter tanta saudade de um estádio de futebol, estádio esse que construiu parte de mim. Uma menininha lá com seus cinco ou seis anos que se preparava, geralmente aos domingos, e esperava ansiosa os homens da família se arrumarem, para irem todos torcer pelo time do coração. Naquela época era meio difícil entender esse amor a apenas um time, mas eu ia e tudo era festa.
- Pai, olha o moço da pipoca!
- Pai, olha o moço do sorvete!
- Pai, o que é ‘p* que pariu?’
- Finge que você não ouviu filha... Vaiiii Porra!
E eu lá, comendo e observando tudo, ouvindo as músicas da torcida, quem não lembra de “chora rubro negro chora, pega essa bandeira, enfia no c* e vai embora”?
Segundo tempo: já cansada e recostada, vem o grito em massa: GOOOOOOOOOOL!!!
Era simplesmente um momento de êxtase, mesmo com minha inocência de pra que campeonato servia aquele jogo ou de qual jogador fez o gol.
Tio, primo, irmão, pai, vendedor de cana, menino do sorvete, todos se abraçando como se conhecessem desde criança, e o sorriso perdurando no rosto.
Fim de jogo: voltar pra casa no pescoço do pai gritando “Bahiiiia, Bahiiiia....” e chegar em casa feliz contando pra mãe o quão bom foi aquele domingo familiar junto com o time do coração, num lugar tão peculiar chamado ‘Fonte Nova’.
Hoje com o passar do tempo fui compreendendo que aquele amor simplesmente não se explica apenas se sente, apenar nos faz chorar, rir e se arrepiar. Fui compreendendo que cada jogo no Estádio Otávio Mangabeira nos trazia sensações diferentes, e que nem tudo se resumia em pipoca e sorvete e que raiva e lágrimas faziam parte do ritual.
E hoje, além das memórias, só resta a saudade.
Meus domingos não foram mais os mesmos sem a nossa velha Fonte Nova.


sexta-feira, 18 de abril de 2008

ML2J


(Essa é apenas uma contribuição para o ML2J)


1 de julho de 2008, estava tudo pronto. Escadas, latas de spray, martelos e faixas.
Meio dia e os ânimos aflorados. Encontraram-se num restaurante qualquer pra ajeitar os últimos detalhes, comiam nervosos, pernas inquietas e falavam sem parar. Que horas? Onde? Em algum posto da paralela? Certo, meia noite no posto 3. Combinado.
Pontualmente, todos estavam lá se juntando em apenas um carro, uma caminhonete. Acertaram mais alguns detalhes e seguiram. Quase que exatamente as 1 hora da manhã todos chegam ao aeroporto.
Todos prontos? Vamos lá, o primeiro grupo fazia uma roda de capoeira (com muito barulho) dentro do saguão pra chamar as atenções. O segundo? Mão na massa!
Pegaram as escadas com as mãos trêmulas e colocaram a postos, subiram três enquanto duas vigiavam. Marteladas e marteladas destruíam letra por letra. A vontade era tanta que as vezes as próprias mãos arrancavam na unha. D, L, M... já eram quase que identificáveis. Depois de algumas pichações do tipo "nosso aeroporto é 2 de julho" :
- A faixa! Passa a faixa!
Lá estava! "Aeroporto Dois de Julho"
Tudo já estava guardado na caçamba, todos dentro do carro e a capoeira acabou, o carro arrancou e nunca mais viram aquelas pessoas. E no dia 2 de julho de 2008, a cidade acordou diferente.

terça-feira, 8 de abril de 2008

No Buzu.




Mesmo com o sol apino, o sacode pra lá e pra cá, os freios de arrumação e o aperto, minha imaginação ainda consegue ir longe dentro de um ônibus. Consegui arranjar um lugarzinho lá no fundo, o último do canto.
"Ô beleza! Vai dá até pra tirar um cochilo."
Mas senta uma menina na minha frente e começa a ler o jornal e eu na minha curiosidade, não consegui nem fechar o olho. Fui pegando partes de cada notícia, mas a capa mesmo, eu li bem.
"Em 5 horas, três pessoas foram assassinadas no Paralela Park". Lembro também de outro trecho: "Invasões a condomínios".
Agora sim, mesmo quase no meio do caminho, começou a minha viagem sobre a história (trajetória?) do roubo. Começando pelos ladrões de galinhas até os mais ousados de hoje em dia, como por exemplo, um que fingiu ser amigo do meu primo (e que mandou ele também fingir) na porta de uma igreja, e eu ainda cumprimentei-o com dois beijinhos. Fiquei pensando qual seria a nova tática criativa ou petulante que estaria estampada no jornal de amanhã, até que peguei no sono.
Com alguns quebra-molas e mais dois meninos conversando perto de mim, acordei.
- Viu a barreira que morreu na paralela?
- To ligado! Minha mãe me disse, vou ter até que sair do colégio mais cedo se não é barril voltar pra casa tarde.
- Eu não tenho as duas últimas aulas mesmo, é de química e estamos sem professor.
- Ah! Normal... Ano passado também foi assim, ficamos 2 unidades sem professor de química.
- Pois é, ta mal!
Mais uma vez, minha cabeça não parou. O problema dos roubos, seria a talvez falta de professores de química que implica na falta de estudo, que por sua vez atrapalha as oportunidades de empregos e que assim cada vez mais as pessoas não têm como sobreviver e procuram outras saídas, mesmo que ilícitas? E isso tudo seria culpa de quem? Governo? Professores, Educadores? De quem sonega imposto?
Meu ponto chegou.
Se eu não descesse, ficaria ali dando voltas na cidade, assim como meus pensamentos e assim como o problema e a culpa.